light gazing, ışığa bakmak

Saturday, March 14, 2009

um rio, de Camões a Saramago, de Constância a Azinhaga

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enquanto ali ao lado se lê Nabokov com a ajuda de um grandioso James Mason vestindo a roupa do Prof. Humbert Humbert e que prefiro à de Jeremy Irons, volto à idílica planície ribatejana. ao chegar a Constância lembrei-me que estamos no país do papel, eucaliptos e terra seca por baixo, a fábrica é a vista que Constância vê do outro lado do Tejo. gostei de sentir o Zêzere, nem tão frio. antes do papel, este local deve ter sido tão idílico como as terras que rodeiam a Golegã, mais abaixo. apesar de Camões se espraiar em azulejos e estátuas, o horto estava fechado ao sábado de manhã e ficou adiada a visita. para almoçar, estavam de mesa posta o restaurante Almourol, em Tancos, o Remédio d'Alma em Constância e o Barrigas, no Entroncamento. acabei por escolher o Almourol mas esse local merece um post isolado e só para si. [para referência futura: quinta de santa bárbara].


para os mais novos, a visita ao Castelo de Almourol é um acontecimento. afinal trata-se de um edifício do exército, uma condição absolutamente surrealista para um monumento nacional, mas enfim, no Convento de Mafra é o mesmo e entre o exército, o IPPAR e a santa igreja católica não sei quem mais maltrata os monumentos nacionais. a favor do Ippar tenho a mencionar o levantamento e classificação exaustivos dos monumentos nacionais feitos, penso eu, na última década. para os mais velhos, a visita ao Castelo de Almourol serve acima de tudo para exibir as câmaras fotográficas, geralmente de grandes dimensões, bem como as objectivas, e o ar citadino. não deixa de ser um local quinhentos por cento a visitar pelo passeio de barco no rio, pelo rio, pelas aves que se avistam e mais que tudo pelo barqueiro mais gentil da existência.

seguindo para a Golegã, sem feira obrigada, mas só por si, com a sua arquitectura térrea alegre e as ruas labirínticas. contrastes e surpresas, o homem sentado com os seus patos. quando tirar finalmente o vende-se do muro da casa, onde porá os seus patos. esta vila, o paúl de Boquilobo que se pode escrever Paul e o espaço que vai até à Azinhaga, e daí até ao rio, vale um regresso ou mesmo um regresso prolongado para quem precise de silêncio. aqui já não há eucaliptos, o rio é deslumbrante, assim como as muitas aves residentes ou as de passagem, como eu. gostei de ver os corvos marinhos. no paul há locais para o tal birdwatching que, imagino, deve valer cada minuto.

já em Azinhaga do Ribatejo tinha de passar pelo edifício que alberga há pouco tempo o Pólo da Azinhaga da Fundação José Saramago. dei uma olhada aos livros, vi a cama d'As Pequenas Memórias, a arca, algumas fotografias e conheci a Ana com quem podia ter ficado a conversar toda a tarde. é um local a visitar sem falta, uma ilha na pequena povoação sobrevoada por patos e onde toda a gente anda de bicicleta. não há silêncio como este.

impressão final: ficou-me a ideia que toda esta zona é desejável e muito propícia ao turismo, português ou estrangeiro. tem cultura e tradições, muitas actividades de ar livre, canoagem, passeios na natureza, equitação, passeios de bicicleta, há várias praias fluviais, há oferta gastronómica, história, milhentas oportunidades para os fotógrafos de bancada, provas de vinho, fácil acesso. surpreendo-me pela pouca oferta de sítios para ficar. à parte o lindo mas muito caro hotel lusitano e algumas casas de turismo rural não há muita escolha o que é pena. talvez pudessemos começar a olhar para o nosso país com outros olhos.

fotos aqui e aqui.

4 comments:

Anonymous said...

E com mais calma aqui... Com que então Barrigas no Entroncamento???? =o))))) Tens que lá/cá ir para a próxima [estou sensivelmente a... não querendo exagerar... 300 metros? mais passo menos passo]

Já lá não vou há algum tempo mas ai aquelas entradas... ai aquelas sobremesas... [da última vez que lá fui podíamos provar de tudo, agora não sei se, mas em equipa vencedora não se devia mexer...]

O Almourol também foi grande escolha. Acho que ganha aos pontos na refeição, enquanto o outro é mais os antes e os depois. O de Constância nunca tinha ouvido falar.. é aquele ao pé do rio?

E pronto, és uma malandra e eu estou com fome. =o)

Ana V. said...

300m ?! :))))))
Foi por um triz eh eh..
O de Constância não é o Pezinhos no Rio, que é bar e café com pizzas e saladas (acho) mas outro mais escondido ao pé do rio, mais perto daquela vereda que aparece nos postais. Tem um óptimo aspecto de fora, um jardim/esplanada do tipo romântico... Mas não tinha a bicha do Almourol à porta, deve ser mais para o moderno...
Espero que tenhas umas melhoras de fórmula 1 !!

Anonymous said...

p.s. e nem sei se são 300 m.. digamos que é contornar a rua, virar à esquerda e voilà! =oP

Obrigada! E agora... uma torradinha e chá de camomila para forrar bem o estômago, e ala que se faz tarde para zzzzzzzzz ;o)

Ana V. said...

elá cuidado com os stalkers!!! :) e bons sonhos

 
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