light gazing, ışığa bakmak

Thursday, July 19, 2007

De uma assentada só, ou nos limites do plágio

Tinha uma amiga que se chamava Alexandra. Éramos chegadas, ainda somos. Ela era um pessoa absolutamente vulgar. Tinha apenas o que eu podia considerar uma característica fora do normal: conservava, no seu apartamento, um velho banjo americano, que afinava todos os dias antes de sair para o trânsito da cidade. Meia hora, todos os dias.

Um dia veio ter comigo e disse: preciso de te contar uma coisa, vem comigo. Sentámo-nos num café de subúrbio. A luz entrava pela janela, directamente do sol acima das nossas cabeças. Biodegradável, um rio de luz . Depois confidenciou... Tenho uma vida secreta, uma vida de mil beijos de profundidade. De dia sorrio quando estou zangada, minto e engano toda a gente. Mas à noite vivo a minha vida como se fosse real. Uma coroa de luz, a noite escura.

Não soube o que lhe dizer. Ela sabia o que estava certo, e ela sabia o que estava errado. De repente, encheu o copo de uma bebida exótica, bebeu tudo de uma assentada só, e saiu.

No comments:

 
Share