Nunca as armas foram mais "fashion".
O italiano Antonio Riello tem vindo a desmontar o conceito de arma, de instrumento da morte para o acabar do conceito. Transformadas em objectos da moda, as armas transformam-se em meras "pochettes", um "bibelot" de cabeceira desprovido de significados mais lúgubres, um objecto luxuoso de culto.
O italiano Antonio Riello tem vindo a desmontar o conceito de arma, de instrumento da morte para o acabar do conceito. Transformadas em objectos da moda, as armas transformam-se em meras "pochettes", um "bibelot" de cabeceira desprovido de significados mais lúgubres, um objecto luxuoso de culto.
Todas as armas são únicas e têm nome de mulher, o que não deixa de ser uma escolha interessante já que, creio, uma maioria muito significativa de armas é usada pelo sexo masculino.
Na sua página, explica: "Em 1908 decidi focar a minha pesquisa artística numa "ficção de moda" da história visual em relação a uma paixão minha: as armas - objectos cheios de sentidos simbólicos. Quero misturar, de um modo artístico, as "coisas" tradicionais das mulheres como a moda com as coisas tradicionalmente muito masculinas, como as armas. O que consiste num redesenhar de armas militares reais que se tornam objectos da moda para mulheres."
Por vezes o objecto é superior à sua explicação. Para mim, as armas de Riello são um exemplo disso. Gostei de o ver reduzir uma arma à um brinquedo de moda, talvez o mais inútil dos objectos. Não gostei tanto da explicação que limita talvez o que pode ser dito desta transformação. O próprio Riello torna fútil a sua obra, os seus brinquedos são tão fúteis como os acessórios de mulher. (Os homens não têm acessórios?)
Em 2005, numa exposição na Galeria Spectrum, em Londres, Riello acrescentou à colecção de armas de pequeno porte, outro tipo de instrumento de guerra: aviões e barcos de combate. Gostei deste disco voador.
Sobre Riello, posso dizer que a sua vida é mais interessante do que as suas armas. Com um curso de farmácia e outro de arquitectura, Riello ensina "a estética dos videojogos". O seu currículo diz que já trabalhou num clube sado-masoquista na Suíca (um país interessante para o sado-masoquismo) e já foi palhaço para a televisão alemã (um país interessante para se ser palhaço). As suas exposições e intervenções têm sido polémicas e giram em torno de temas que a sociedade prefere ignorar como a prostituição, as armas, a máfia.
Um interventor mais do que um autor, as obras de Riello não deixam de ser interessantes, marcas profundas de contemporaneidade.
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