Há dias em que velejo por serras e declives, a ondulação da folhagem violácea a facilitar o trabalho da quilha. De cada vez que me faço ao mar, é a ti que encontro, terra nova. Há noites em que do fundo me chamam as vozes roucas de sereias translúcidas, ninfas de inspirar poetas mortos. E os seus ossos rimados que baloiçam no fundo de galeões, o sopro das marés lunares na profundeza das águas. E quando mergulho é o teu corpo que abraço por entre os sargaços e os cantos, as conchas e as moreias que nos cobrem de pérolas, bolhas de ar rarefeito, a dança nocturna de aves cegas, o sal que me mergulhas no corpo. E há manhãs em que não sou, desfeita em pó, caleidoscópica às brisas frias, e aos orvalhos que lambem os vidros frios das janelas. A casa que desperta depois de sonhar meio século, as cores disparadas da luz que me sopras. Debaixo do arco e de todas as pontes, depois dos átomos e de todos os fogos, no fim dos minutos, encontrei-te. Enrolo-me pequena num estojo antigo e gasto. Uma moeda velha que deixo cair nos teus dedos.
light gazing, ışığa bakmak
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