light gazing, ışığa bakmak

Tuesday, November 6, 2007

"let's start a magazine" / "fundemos uma revista"



"let's start a magazine

to hell with literature
we want something redblooded

lousy with pure
reeking with stark
and fearlessly obscene

but really clean
get what I mean
let’s not spoil it
let’s make it serious

something authentic and delirious
you know something genuine like a mark
in a toilet

graced with guts and gutted
with grace"

squeeze your nuts and open your face

e.e. cummings, No Thanks (1935)

... que retirei do muito bom de ler Cibertertúlia e ao qual acrescento a tradução de Jorge Fazenda Lourenço para a Assírio & Alvim (xix poemas de e.e. cummings) em 1991.



"fundemos uma revista

que se lixe a literatura
queremos uma coisa com sangue na guelra

piolhosa com pura
fedendo com absoluta
e destemidamente obscena

mas deveras limpa
estão a ver
não estraguemos a coisa
façamos a coisa a sério

qualquer coisa de autêntico e delirante
percebem qualquer coisa de genúíno como uma marca
numa retrete

agraciada com gana e esganada
com graça"

apertem os tomates e abram a cara

--
Gostei mesmo muito desta tradução. Não mudava absolutamente nada.
E um pedaço do texto introdutório de Jorge Fazenda Lourenço.

"2. evitar a redução de cummings ao exclusivismo da experimentação tipográfica ou gráfico-espacial, não obstante o poeta se haja dito «autor de imagens e desenhador de palavras», remetendo para aquela tradição visualista que, vinda do barroco, é costume radicar, modernamente, no Mallarmé de Un coup de dés jamais n'abolira le hasard (poema-verso publicado em 1897 na revista Cosmopolis) e no Apollinaire de Calligrammes (1918), a que se junta uma boa dose de poemas futuristas (lembrar as paroliberi de Marinetti), dada, e por aí fora, à mistura com excertos dos Cantos (começados a publicar em 1917) de Ezra Pound, e esquecendo o poema "Manucure" (Orpheu 2, 1915) de Mário de Sá-Carneiro. É que, apesar de tudo, «...poetry is being, not doing.» - cummings dixit em i:six nonlectures. Rejeição do artefacto tecnológico que tem feito as delícias de "concretistas" e similares?"

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