light gazing, ışığa bakmak

Thursday, February 21, 2008

Fugas Lusas, em Setúbal



Há sítios onde entro e quero logo voltar. Foi o que me aonteceu no café Fugas Lusas, em Setúbal. Agora já sei qual é o meu poiso sempre que voltar àquela cidade. Numa praça agradável e totalmente arredada do trânsito, fica este estabelecimento a que posso chamar café mas que é mais coisas, não sei bem o quê. A decoração rendilhada a branco, cadeiras da minha avó, e mesas com tampo de pedra, prateleiras corridas, brancas, com coisas lusas. As coisas incluem produtos alimentares, daqueles que eu facilmente comprava de jorro, blocos de notas, livros, discos, sabonetes artesanais, bonecas de pano e brinquedos tradicionais de madeira. Sou capaz de fazer a distância até Setúbal para lá comprar todas as prendas. E ainda beber uma meia de leite cá fora, ao sol da tarde.

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e em 2013, no fb:

"Queridos amigos
Quero, antes de mais, dirigir-vos um sincero pedido de desculpas pela falta de oportunidade de comunicação pessoal, a todos e cada um de vós, da decisão de encerrar o estabelecimento que, como sempre gostei de o referir foi um “espaço” criado e pensado para ser de todos - esse foi um objectivo conseguido e é enorme o regozijo que nos deixa. Não só não houve oportunidade para tal comunicação atempada como procurámos poupar-nos, bem como a vós, a momentos prolongados de pesar e frustração, que a todos perturbariam.
As razões que justificam o encerramento são única e exclusivamente económico-financeiras. Apesar da comunidade conquistada e fidelizada, a conjuntura económica ou a desadequação das ofertas à procura actual, não estavam a gerar receitas suficientes para fazer face à pesada estrutura de custos que o estabelecimento requeria. E, como tal, não tendo querido ceder à tentação de desvirtuar o conceito, foi nosso entendimento dar por findo o projecto.
Agradecemos enternecidamente a preferência que manifestaram, os elogios, a presença diária e incentivo que nos estimularam a procurar sempre melhorar. Agradecemos ainda as palavras de pesar e consolo que nos têm feito chegar e que nos deixam com a sensação de ter feito algo certo. De, ainda que com este desfecho, ter valido a pena.
Foram muitos, e bons os momentos vividos ao longo de mais de seis anos de actividade. Esses farão para sempre parte de nós. Cumprido o luto, para além da aprendizagem, será o manancial de laços e relações que construímos, e de que nos mantivemos ao longo destes anos, que nos encherá a alma.
Recordamos com particular carinho a plantação de árvores com as crianças num início de Primavera, a pintura de ovos de Páscoa naquela época festiva, as cantorias do João da Ilha, as mini-exposições de fotografia, pintura e ilustração, as horas felizes dos fins de tarde e de semana (muitos ficam, por certo, por referir ainda que não olvidados)... os nascimentos a que assistimos (e a alegria e carinho que as crianças sempre nos revelaram enternecem-nos até às lágrimas) bem como os falecimentos de amigos queridos ou de seus familiares...
Permitam-nos, nesta hora, umas inevitáveis palavras de agradecimento.
Em primeiro e honroso destaque, a Graça Nunes, o rosto, braços e ânimo do negócio, desde o primeiro ao último minuto. A Rita e Caetano Silveira, pelo constante e incansável apoio, financeiro, moral e laboral. À Vanda Campos, à Ana Domingues e à Ana Zambujinho, por terem também posto as suas capacidades ao serviço do projecto. Ao Pedro Neto, pela criatividade, bom gosto e empenho que sempre revelou nos projectos desenvolvidos em parceria. Ao João Costa Ribeiro e ao João Ferrão por terem desenhado um espaço à nossa imagem com uma forte marca associada. Ao Nuno Luz pelo design gráfico. À Cristina Antunes, que sempre cuidou das nossas relações financeiras e fiscais. À Ana e José Francisco do Café da Ribeira, que foram os melhores co-concorrentes que poderíamos ter tido. À Isabel Ramalho, Marisa Farias, Sofia Silva e Paula por serem nossas madrinhas. À Maria João Frade por ser a melhor relações públicas que poderíamos ter tido. Ao Nuno Carreiro por ter minorado a dor do fim. Aos nossos fornecedores e parceiros. Ao Rui Garcia, à Lina Ribeiro, à Patrícia e Pedro Custódio, ao Miguel Vieira e Inês Vieira da Silva, aos casais Rosas e Rosa, às Donas Isabel e Teresa, à tertúlia vespertina... enfim, a todos todos vós que sempre nos brindastes com a vossa alegre presença: à Margaridinha, ao Manuel, ao Tomás, à Maria Carolina, à Maria Beatriz.
Perdura a esperança de, um dia, ser possível reeditar um projecto que Setúbal acolheu e merece. A todos o nosso bem-haja!"

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5 comments:

Anonymous said...

Por vezes procuramos coisas tão complicadas e acabamos por nos contentar com tão pouco. Estes pequenos prazeres reanimam.
Dizem da gávea que o fim de semana chegou.
Beijos
Armando

Ana V. said...

É verdade, Armando. Sou especialista das "pequenas coisas". De todos os pequenos nada, o sítio perfeito para uma meia de leite é uma espécie de ilha do tesouro para mim. Um beijinho e bom fim-de-semana.
Ana

jorge vicente said...

quero ir lá!!!

Ana V. said...

Jorge, bute!

rmrs said...

Cara Ana,
Muito obrigado pelos elogios. Faremos por bem vos receber (Armando e Jorge são igualmente bem vindos)quando resolverem vencer a distância. Haverá sempre surpresas, ou pelo menos um sorriso, à vossa espera.
Bem hajam.

 
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