light gazing, ışığa bakmak

Monday, March 3, 2008

Encarnado ou vermelho:

O vermelho é mais escuro?



"Há ainda o caso de um outro - esse muito antigo - que semeava bastardos entre a criadagem e que a cada amante oferecia um lenço vermelho. Tem barbas, a história. Ouvia-a ao Padre Novo que, por sua vez, a tinha ouvido a alguém dos seus tempos de liceu. Numa das versões, o homem morreu crivado de tiros de zagalote; noutra, o fim era a loucura: acabava, velho e podre, a sonhar com procissões de lenços vermelhos. Prefiro a segunda."

E lá se lança o escritor no relato imaginado da segunda, e os meus itálicos. (...)

«Ele e os seus dejectos arrastavam-se a passo de procissão por entre lenços vermelhos, tantos como não seria capaz de imaginar.» (...)

«Rapaz, de que cor era o cachené daquela?»
«Encarnado, patrão.»

De O Delfim
José Cardoso Pires

Na imagem, um dos 118 objectos vermelhos que o artista Paho Mann tinha em casa em 2005. Um projecto interessante, em Sort. Somos mais do que a soma dos nossos objectos? (Sempre inspirada pela Marta.)

2 comments:

Anonymous said...

............. + .. ["..." não se encontra em stock neste momento]

Respondendo directamente à tua questão, passando duas vezes na casa Partida e semeando um beijinho a cada passagem [tonta], somos, felizmente que somos. Os objectos como os vemos são só a desculpa para os nossos pensamentos / actos, não é? É. Devia ser. Quem conseguir ver-se livre de si que atire a primeira pedra [devagarinho, que hoje dói]. ;o)

Ana V. said...

:)
Livre de si é que não pode ser, afinal passei as passinhas do Algarve para erigir esta "coisa"... Agora as coisas, é mesmo verdade, tirando os livros e o PC, já foram à vida várias vezes... E fez um bem tremendo. Também cheguei a ter coisas espalhadas por 3 casas mas isso é outro assunto! (coisas=livros, pois) O que custou mais foram 3 anos de assinatura do TLS. Caixotes...
Beijinhos na Estação de Campanhã, outros no Rossio. !

 
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