A família a obrigar, hoje que nem estava por aí. O wok que se descompõe, a mesa, os pratos , tudo. Mas em favor da memória, como sempre, evitando mais um papel, mais um caderno e outra caneta que, tirando o Jamie, hoje era dia de ir tudo a eito. Estamos em dia de objectos ou da raiva deles. Deles e do tempo e da espera, cansaço de segunda-feira. Animando:
Frango agridoce, da revista Sabores deste mês.
O quê: um pouco de azeite, 2 peitos de frango cortados em pedaços pequenos, piripiri, 2 colheres de sopa de molho de soja, 2 cebolas picadas grosseiramente, 1 lata pequena de tomate em pedaços, 1 pepino e 1 pimento vermelho grande cortados em pedaços, 1 lata de ananás de conserva cortado em pedaços e calda, 1 colher de sopa de Maizena, 5 colheres de sopa de catsup (eheh), 3 colheres de sopa de vinagre de sidra, 2 a 3 colheres de sopa de açúcar, sal e pimenta, 1 colher de sopa de sementes de sésamo.
Como: Aquecer o azeite e alourar bem o frango, temperado com o molho de soja e o piripiri. Juntar depois a cebola e deixar uns dois minutos até alourar também. Juntar o tomate e deixar apurar um pouco. Juntar o pepino, o pimento, o ananás e deixar mais 3 ou quatro minutos. Misturar a calda, a Maizena, o catsup, o vinagre e o açúcar e juntar no wok. Deixar ferver um pouco. Temperar com sal e pimentar e polvilhar com as sementes de sésamo.
Uma das minhas tias (baixinha, redonda, macia como o paraíso, de leve perfume) tinha uma "sociedade" com uma vizinha. Era uma casa de pasto da qual não me recordo o nome (pois claro), em pleno coração da vila de Sintra, ao lado dos antigos bombeiros. Logo à frente a tasca, grande balcão de pedra, por trás armários de madeira que forravam a parede do fundo até ao tecto alto, pintados de verde claro. A porta grande, sempre aberta. De um lado e do outro as mesas corridas de pedra onde se estampava a marca dos copos do vinho de má qualidade, vinho a copo. Bebedeiras havia, mas não demais, a casa era séria e um esforço conjunto de duas famílias. A sala ao lado, decorada por santinhas nas paredes e algumas jarras com cravos, tinha umas quantas mesas pequenas cobertas por toalhas aos quadrados, verdes e brancas. A comida era honesta e directa, nada de agridoces: peixinhos da horta e cozido ao Domingo, dobrada, peixe frito e filetes.
Na cozinha um bando de idosas, como a minha tia, pequenas e redondas, de avental, em torno da mesa de trabalho. Não sei bem porquê encontrava-as sempre antes da refeição a descascar o que seriam as batatas fritas. Mais tarde a gordura no cheiro. Para o interior do restaurante, um armazém irreal: por uma porta de grade se entrava para uma gruta, passando por um estreito corredor cortado na pedra da serra. Lá dentro, na caverna húmida e a escorrer água pelas rochas-parede, é que se guardavam as caixas do vinho e algumas pipas. Era a Casa de Pasto, sem outro nome, a casa de pasto que venho usando como memória. Atracção e repulsa.
Mais tarde vim a ter uma colecção de copos de três, como os das tascas, objectos que larguei pelo caminho. Eram bonitos, aqui do alto da torre da lembrança. E eu que adoro copos, não gosto de nenhuns dos que tenho agora.
light gazing, ışığa bakmak
Monday, March 3, 2008
wokety wok woketing
Publicado por Ana V. às 3:30 PM
TAGS casa de pasto
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3 comments:
Hoje no emprego três sacaram-me a mais recente confissão: experimentações com woks e gengibre não muito bem conseguidas; mas ainda não é hora de exibir o lencinho branco. Também ainda não é hoje que lhe mostro os dentes. Nem às favas. Nem às memórias de cozinha. Beijinho hoje no norte.
O gengibre é desgraçado, um bocadinho a mais e vai tudo com a água. Deixa estar, há quem deteste o que eu faço! (snif)
E eu hoje a sul..
que saudades!!!
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