light gazing, ışığa bakmak

Friday, September 26, 2008

o que fica de uma mulher depois de ela sair


Julião Sarmento, Parasite (contingent rather than constitutive), 2003


Julião Sarmento, A Secret To Tell, 2006


Julião Sarmento, Intellectual Lullaby, 2004


podia dizer depois de ela partir, mas julgo que sair é mais adequado. com uma sala a ele dedicada na Não te quero ver nem Pintado em exibição no Museu Berardo, Julião Sarmento é uma presença marcante neste conjunto de obras redentoras da pintura. redentoras ou apenas o verificar de um óbvio, que a pintura não está morta. também a literatura estava morta, os livros desapareciam, a língua eclipsa-se. depois da morte de Deus desejou-se acabar com o homem, tarefa inglória. somos pior que baratas. voltando a Sarmento.

incontornável na pintura portuguesa, Julião Sarmento transporta para a pintura outros universos e linguagens: cinema, fotografia, desenho, arquitectura e, o que me atrai, conteúdo escrito, meaning e typefont. isto tudo, bem dito, aqui, um bom texto do CAMJAP. outro aspecto que para mim funcionou como um íman foi a fragmentação da figura humana, sempre ou quase feminina (porquê, será a mulher mais fragmentada ou será mais frágil, ou será mais o objecto de desejo estético). As figuras femininas surgem em momentos suspensos no tempo, não passam de um gesto, uma parte ínfima do todo. evocando logo a auto-representação, a auto-ficção (tão blogueira, tão contemporânea): quem está nesses gestos de um minuto, o todo numa polaroid ou a máscara de nós? what's in a name. com uma vantagem: Julião Sarmento é compreensível a muitos níveis de profundidade, dos 8 aos 80.

post scriptum que não tem nada a ver com o Julião Sarmento: não me interessa debater, nem discutir ideias, tertuliar, ir ao encontro de-, conviver e partilhar pontos de vista. etecetera. algumas pessoas eu ouço. outras não. as que me ouvem, isso é com elas, seu próprio risco, independente de mim. as que não me ouvem, idem.

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