light gazing, ışığa bakmak

Wednesday, October 8, 2008

a contar degraus desde 1982

ia sair para um curso sobre a consciência, perguntei-lhe o que era isso e, mais que tudo, pedi-lhe que me dissesse o que era depois de ter aprendido. contei mais um. falsa solidão, disse ele mudando de assunto. desde que disseste o primeiro a. se me recordasse da primeira letra, contar seria mais fácil. não te lembras de ouvir o eco, insistia. nada. mesmo nada.

a minha vizinha de cima todos os dias varria a cozinha, depois do jantar. todos os dias à mesma hora, nem devagar nem depressa. deixava-me uma impressão de estranheza o som do varrer, que foi tudo o que alguma vez vi ou soube dela. esse seu som confunde-se com os outros que me rodeiam, esporadicamente, sem razão nenhuma.

a verdade: odeio cozinhar. se não torno essa actividade minimamente interessante, não há maneira de me colocar numa cozinha a desempenhar a função. recolha e análise e dissecação de uma consciência. take that. muehlenbeckia maori, os nomes que detenho e que desconheço. um tão claro tenha cuidado que cresce muito, vai acabar com todas as outras que ponha ao pé dela para um nome assim difícil de chegar à língua. agora que vou ver as danças maori nas suas folhas, a verdade é que o verde aumentou o valor de verde.

"Dans ce monde hermétique, il n'y a rien qui vienne nous faire rire du destin. On ne peut s'aider de rien. Le doute règne partout." no Êxtase Material de Le Clézio, o laureado. se não estou em erro, ontem à noite, cerca de três milhões de pessoas viram duas novelas da tv portuguesa. le doute ne régne pas, peut-être, si absolument. há coisas tão absolutamente indesculpáveis, tão totalmente proscritas, e nem são as grandes sequer, que deveriam ser para sempre escritas em pedra, para toda a eternidade possível, e lançar quem as ousou no mais infinito dos infernos. três sem sequência. ou duas que se podem usar para brincar e rolar e uma fora de contexto, mas dentro de.

5 comments:

Anonymous said...

Consciências Verdes? Plantas conscientes? Donas de casa o roçar o esperançado? Os sons da vida que nos acompanham. Sempre. Amiga!
Beijo
M

Anonymous said...

Ah! e escreves p'ra "carago" :)

Ana V. said...

as minhas plantas se tivessem alguma consciência cometiam certamente o suicídio :)) beijo para ti

jorge vicente said...

ah pois escreves. isto é uma meia-família de génios.

um beijo
jorge

Ana V. said...

deves estar a referir-te aos génios da máquina de calcular, os da lâmpada, pois jokas

 
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