lista de natal

no centro pinheiro, azevinho, alguma coisa de cedro que cheire bem, velas, pérolas. um prato. espuma. e eles a largar alguma coisa contra a caridade da época e mais alguma ainda contra os longos tempos de publicidade entre-novelas. somos uma família estranha, ao nosso lado uma mulher de cabelo comprido descreve uma tenda no deserto com camas para três, camelos e areia, as dunas e mais alguns nomes próprios pouco exóticos. pipa. marta. lili. e quem detesta a quadra, gente só, claramente, como eu fui, mas se apieda dos pobres porque -precisamente- não podem ter natal. lembrei-me de cortar braçadas de flores, diagonalmente para perderem menos seiva, de uma espécie de resina na sola dos sapatos. quero tudo o que lhe pertence. lembrando a lista: objectos não, pai natal. nem livros, nem perfumes, nem lenços para as senhoras, meias para os homens. coisas que se comam, chocolate, ervas frescas, biológicas, um molho exótico da tailândia que o molho de peixe acabou e faz-me falta. imperdoável, porque não fiz ainda vin chaud? o cheiro das estrelas de aniz. (para a Marta, que este natal anda a aprender a usar uma bengala porque vai ficar cega. e para o Bernardo que fez chorar o namorado quando lhe disse que era seropositivo).