light gazing, ışığa bakmak

Wednesday, April 15, 2009

directamente das migas para o bife, sem passar pela casa partida

pirâmide alimentar, da embalagem iglo: pão, cereais, arroz, massas, alimentícias e batatas: 6-11 porções; vegetais: 3-5 porções; fruta: 2-4 porções; lacticínios: 2-3 porções; carnes, peixe, leguminosas e ovos: 2-3 porções; gorduras, óleos e doces: uso moderado.

"sendo Portugal um país pobre, isto é, composto por um povo de baixo nível de vida e de produção, é óbvio que os alimentos mais caros são também os menos utilizados. Assim verificamos que, na generalidade, o povo português come poucos alimentos ricos, tais como a carne, o peixe, o leite, os ovos, e  muitos alimentos pobres, tais como o pão, as farinhas, as massas, as batatas, o arroz, etc. Numa ou noutra região as populações utilizam alguma fruta e legumes, mas noutras, nem por isso." (Júlio Roberto, "Portugal à Mesa", 1977)

este pensamento de país dito pobre levou das migas directamente ao bife, eldorado da alimentação em 1977 e que, ainda hoje, pode ser mais sinal de estatuto do que uma questão de prato. na cozinha entra muita coisa, para além da imaginação: tradição, identidade, família, país e infância, sociologia e psicanálise, biologia, nutrição e saúde, história, sexualidade. neste livro entra também a ideologia e a mistura é divertida, mas o resultado datado, como não podia deixar de ser. daqui a um quarto de década a onda gourmet vai ser lida da mesma maneira. resta esperar que depois da subsistência e depois da novidade da abundância venha finalmente um equilíbrio, connosco e com o planeta.


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