agora que o meu facebook se tornou num bar em happy hour para depois do trabalho ou para escapadinhas durante, o espaço sagrado dos office workers, separei-o do blog, que é mais a sala branca onde gosto de me sentar em silêncio. há espaços para tudo. mas mesmo separando águas, há copos que nos acompanham para todo o lado, online e off, na mala, na memória e em especial no canto do afecto. é o caso do Pequeno Gesto.
de raspão ouvi dizer que faltam muitos padrinhos para o projecto de Banhine, em Chongoene. Aqui fica mais um apelo ao apadrinhamento. entrentanto, vale a pena ler as experiências de Alberto Chaves em Moçambique. desse blogue, deixo o apelo e a memória de Piedade.
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"Mano Alberto, a Piedade faleceu"
Foi com uma voz trémula que a Irmã Isaura me ligou na passada 5ª-feira para me anunciar tão madrasta notícia. A Piedade tinha falecido. A Piedade tinha apenas 3 anos. Desde a sua nascença tinha sido uma criança de batalhas… era seropositiva e desde tenra idade mantinha uma luta constante com essa malvada, a SIDA. Todos os meses ia à consulta no Hospital do Carmelo, em Chókwè. Depois de receber os resultados das últimas análises foi-lhe dada ordem para ser internada com a máxima urgência. Foi a sua última batalha. Infelizmente perdeu a guerra…
No caminho do Chókwè ao orfanato (cerca de 30 quilómetros) tudo me passou pela cabeça. “Deus existe?!”, “Porque fez isto?!” Mas, pensando racionalmente, sem lágrimas a atrapalhar a razão, tudo isto faz parte da nossa vida. E em África, morte de crianças é uma coisa chocantemente comum. Quando cheguei ao orfanato o clima estava pesado. Só havia uma coisa que quebrava esta escuridão: as crianças. Os mais pequenitos não se estavam a aperceber da situação e continuavam a brincar como se nada fosse. Rapidamente se aglomerou um número impressionante de pessoas! A aldeia estava presente. Homens e mulheres reunidos para relembrar a Piedade. Na manhã seguinte, de novo toda a aldeia se reuniu para o funeral da Piedade. Numa cerimónia muito longa (começou às 9 da manhã e terminou já depois do meio-dia), todos nós acenamos o nosso último adeus à pequena Piedade. Toda a cerimónia foi conduzida em Changana, o que limitou a compreensão do que se estava a dizer. Muitos cânticos transportaram a Piedade no seu pequenino caixão branco coberto de mil e uma flores que todos os meninos do orfanato tinham recolhido. Na cerimónia, muito idêntica às cerimónias fúnebres em Portugal, podia-se ver a tristeza das crianças. A Piedade era uma irmã para eles.
Hoje, tudo parece melhor! O sol brilha lá no alto e todos têm um semblante muito menos carregado. No orfanato, o riso e os gritos das crianças ecoam novamente.
A vida continua… a vida tem de continuar!
Em memória de Piedade da Encarnação.
(daqui)
Apadrinhamento de Banhine
A Um Pequeno Gesto começa em 2009 a apadrinhar 100 crianças do Bairro de Banhine, na zona de Chongoene. Serão apadrinhadas 2 crianças por família, em idade escolar. As crianças irão à escola, terão uniformes e material escolar e receberão mensalmente comida suficiente para si e para a sua família. O Apadrinhamento focar-se-á em crianças orfãs de pelo menos um dos pais e casos de extrema necessidade.
O projecto estará a cargo do Padre Rosendo, ajudado pela Senhora Estelina, que tratará de seguir as crianças no dia a dia e do Senhor Gabriel, encarregue dos contactos com a Um Pequeno Gesto e os padrinhos. A Um Pequeno Gesto continua a crescer, faça um donativo e ajude-nos a cumprir a nossa missão!
são 150 euros por ano. para saber mais: geral@umpequenogesto.org ou anabelanina@umpequenogesto.org
light gazing, ışığa bakmak
Monday, June 15, 2009
Banhine, em Chongoene e um post ecoando a memória de Piedade
Publicado por Ana V. às 2:35 PM
TAGS Um Pequeno Gesto
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