light gazing, ışığa bakmak

Saturday, July 18, 2009

chamam-lhe Rota dos Sabores

e o nome assenta às mil maravilhas. em dia final dentro de outra muralha, a de Estremoz, para onde várias vozes me encomendaram o mercado. paralela à fila das velharias - chaves, lanternas, tesouras, pratos, ferrugem - estavam os verdes e a fruta que eu procurava. dois sacos de ervas, um ramo de orégãos frescos por meio euro (e agora?), e um saco das melhores pêras que me lembro desde que as apanhava empoleirada nos ramos. pêras e maçãs minúsculas que o pequeno instalou no banco de trás com maior voracidade do que a das batatas mcdonalds. não sei como se chamam, mas garanto que fiquei feliz com o fim dos tamanhos-de-pacote da Europa. talvez agora se possa voltar a comer fruta verdadeira. dois momentos que guardo: a mão enrugada que me escolheu com cuidado a melhor fruta e a paisagem estranha que junta no mesmo quadro uma colina de pedra e as suas árvores-guindaste ao mármore branco do cemitério. por ali correm à solta os cavalos ciganos.


depois do autêntico foi tempo para a novidade, o restaurante Alzulaich. instalado num solar restaurado e transformado em hotel de cinco estrelas, como vim a descobrir depois do almoço na minha onda de deixa-cá-ver, aqui reencontrei o tinto Monte Seis Reis, servido a copo como vinho da casa, muitíssimo agradável. a refeição foi servida no alpendre do jardim, amena e pela fresca, com o marulhar da água a cair na piscina ao pé. todos os pormenores são perfeitos mas a comida reflete a decoração: afrancesada com salpicos de tradicional português. devo dizer que a combinação acaba por resultar bem e o preço não é um delírio como em alguns locais da capital. do paté de cogumelos e do azeite com orégãos ao magret de pato, cheguei à miscelânea de sobremesas pronta para a sesta. nas sobremesas, de novo, esperava mais alentejano e menos internacional, mas o que estava era excelente. um local vivamente aconselhado a casais românticos, gourmets e amantes da boa vida e do detalhe. tal como o Monte dos Seis Reis, este local sinaliza uma nova vida para o Alentejo que corre serena e em paralelo aos costumes antigos. na saída, o travo frutado da saudade.







2 comments:

Júlia said...

Gostei muito das suas descrições/impressões sobre a visita a esta parte do Alentejo. As paisagens que conheço apareceram-me com outros cambiantes.
Bjs

Ana V. said...

Obrigada Júlia! :)

 
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