kindl-ing

importante dizer que não há nada, mas nada, que me impeça de cobiçar os livros da poesia incompleta, de olhar para eles à distância, de os comprar quando são demasiado irresistíveis e ir à cecílio de sousa (juntando poesia e chocolate Corallo de uma só vez) à primeira badalada do subsídio de natal. de resto, é verdade, esperava o Kindle desde que apareceu há dois (?) anos e assim que ouvi "internacional" lá estava na lista de espera. chegou e é tal e qual como pensei. leve, bonito, prático, com capacidade para substituir todas as más traduções que comprei ao longo dos anos em impulsos livreiros discutíveis. suponho que o seu uso, ou o "vale a pena?", depende de quem o tem. dá para livros, blogues, jornais e revistas. para mim, vai servir para os clássicos a três dólares por obra completa, o que até acho um preço pornográfico se o comparar com o preço de tantos tijolos de mau barro que se vendem nos escaparates a vinte euros cada. ainda não gastei os tais dólares, que julgo passarem a sete euros, mas sem certezas. no entretanto fiz o download rapidíssimo em minutos de meia dúzia de samples, ou seja, leitura à borla, que só ela já dá para alimentar o vício durante um mês. concluindo: o kindle é para quem lê muito, o que pelas estatísticas reduz o espectro de clientes de um modo dramático. vantagens: a quantidade de livros que cabem na malita à tiracolo; aumentar o tamanho da letra; pôr o kindle a ler para mim no carro, no escuro, no banho. desvantagem depois da mais óbvia que é gastar o dinheiro inicial e tal como eu tinha pensado antes: a limitação do que se pode ler aos livros Amazon. tantos e tantos autores que não estão em formato kindle, o mais imperdoável de todos, Nabokov. pouca coisa para crianças, a qualidade das leituras parece resumir-se aos clássicos. os contemporâneos de valer a pena ainda não aderiram (palavra gira) a este meio. mas, enfim, enquanto se pensa sim ou não, não há como ler as samples de Chekhov.