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comecei a Invenção da Modernidade pela 'Mulher', um modo de engolir as espinhas em primeiro lugar.

primeiro dia da segunda classe, classe como se dizia quando a fiz, para mim o primeiro dia numa nova escola,  e que diferentes as segundas classes. vai embora, mãe, podes ir. este ano é mais divertido do que todos os outros.

no ferry tinha entrado um casal de meia-idade que se sentou ao meu lado, do outro lado do corredor. o homem não se calava, semi-curvado sobre a mulher que não estava satisfeita de estar sentada na última fila. dali não via para fora da janela. não satisfeita mas calada e ele esbracejava um pouco, a falar. insistia que ela fosse para onde quisesse que ele ficava ali. depois de luta unilateral a mulher levantou-se enfim e sentou-se lá à frente, na segunda fila, à janela. do seu lugar, o homem deixou de a ver. fingiu-se desinteressado durante algum tempo. depois agitou-se. ao fim de uns quinze minutos não se conteve e pôs-se de pé, tentando vê-la. quando a reconheceu, foi sentar-se no lugar vago ao seu lado. o que me chamou a atenção, para além da familiar curva em meia-lua que desenham as costas de quem persegue alguém, foi o total silêncio dela durante toda a troca de argumentos.