no barco a rapariga ia muito perto de mim, tão perto que a brisa que sempre levanta espuma no bósforo levantava também a seda escura da sua saia e tocava as minhas pernas. a blusa era florida, flores laranja, salmão, cor de rosa. a pele era branca e os dedos das mãos muito pequenos. uma pulseira de delicado trabalho em ouro ou prata. usava o lenço de seda tradicional na cabeça, cor de pérola, que ajeitava junto ao queixo de vez em quando. viajava em pé, tal como eu, com o namorado. nos olhos um pouco de kohl. quando riu eu reparei que tinha dentes amarelados, como se fosse uma velha.
no romance, os dois amantes estão deitados na cama nus. a mesma brisa levanta a cortina que os desperta como uma carícia.
em topkapi, uma das janelas do pavilhão de jogos estava aberta e essa cortina branca esvoaçava como a saia da rapariga.
reencontrei a brisa num vídeo do istanbul modern: na fachada de um hotel em beirute dezenas de janelas abertas com as cortinas brancas que esvoaçam, imagens de Hale Tenger.
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light gazing, ışığa bakmak
Monday, August 12, 2013
cortinas
Publicado por
Ana V.
às
3:39 PM
TAGS A arte pela arte, is13, Mulheres, Orhan Pamuk
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