light gazing, ışığa bakmak

Tuesday, December 10, 2013

ebooks / papel

depois de anos de uso e depois de pensar na mudança estrutural que avança silenciosa, o que penso sobre isto aclara-se. se olharmos com algum silêncio e com alguma distância a revolução tecnológica em curso olhamos a história (ao contrário de outros episódios mais triviais que se apresentam sempre como 'história'. aliás a 'história' tem muito que se lhe diga).

os ebooks começaram por sair a preços baixíssimos e assim se instalaram no mercado. hoje, um ebook serve principalmente para duas situações: quando é uma publicação de usar e deitar fora ou quando é uma publicação utilitária, de estudo ou trabalho, porque as procuras são mais fáceis e porque o tempo de espera pela publicação é reduzido a segundos: imagino que seja excelente no caso de livros legais, técnicos, etc., publicações utilitárias, ou para best-sellers, revistas, jornais, ou o que seja de usar e deitar fora. este é o ponto de vista do utilizador.

se se olhar do ponto de vista do criador ou do vendedor ou até de outras entidades menos definidas, as vantagens do ebook avolumam-se:  permite uma margem de lucro muito maior pois vende-se ao mesmo preço ou até mais caro do que um livro quando o seu custo é obviamente muito menor; permite avançar na cadeia de consumo - comprar e deitar fora muito mais rapidamente - e com a vantagem de não deixar resíduos [quanto menor o tempo de usufruto, mais disponível está o comprador para comprar mais]; permite o controlo da informação privada do leitor como nome, preferências, morada, cartão de crédito, historial de desejos, etc. o que, claramente, permite uma publicidade altamente dirigida e sem custos (nesta lembrei-me do P.); permite uma transmissão instantânea do bem vendido eliminando uma parte importante da cadeia, o transporte (afinal aquele de que vivo).

as grandes vantagens do ebook são vantagens de mercado e reflectem outra realidade silenciosa, paralela e potenciada pela revolução tecnológica em curso e que é a dominação dos mercados sobre o poder político tradicional e sobre a vida privada.  há coisas que não mudam: ler um livro em papel pode ser hoje, como o foi sempre, um acto de resistência e de afirmação individual.



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