para o desafio do antónio.
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demanda
demanda de palavras com os pés na terra e eu os olhos na água
olha dizia-me sorrindo e ultrapassando a distracção da viagem
que bom é o balanço e encostava o corpo à curva metálica da embarcação
e balançava com ela
sorrindo
sim é isso a água, vês, dizia querendo perguntar se via como eu,
se era possível que fosse aquele momento o mesmo exacto
balanço
tu na terra e eu os olhos d'água, vês,
dizia querendo perguntar se os homens curvados também olham para cima
de vez em quando
o vidro baço, sal e fumo ou sujidade,
a cidade brilha difusa. há muita gente e gritam quando ausentes
deslizamos, brincamos com os dedos
a rapariga de óculos metálicos, verdes
a fingir estar tão longe como as habitações antigas. queria ir contigo e
fazer o tour das ruas ao lado de raparigas de olhos metálicos
a chispar olhares nas paredes gastas mas como se não estivesse aqui,
o corpo encostado ao metal da máquina em andamento. há um cheiro a óleo,
um calor doentio. não sorrimos.
quantas vezes nos cruzámos nas ruas da cidade, um a pé, o outro seguindo nos
velhos eléctricos porque só ali são certos os caminhos; escreve deus
estas linhas tortas, tão frias como os olhos da rapariga que viajava ao meu lado
ao meu lado viajam sempre raparigas a olhar para longe
mas nós, nós nunca nos encontrámos.
light gazing, ışığa bakmak
Monday, March 17, 2014
pronto-a-escrever
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3 comments:
Nice!!
:)
:)
(se bem que, ao contrário de outras pessoas, não fui feita para isto) ;)
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