No promissor Art and Culture, encontrei alguma informação sobre uma dupla de gémeos que só não segue quem anda muito distraído, os irmãos Quay. Em Portugal entraram pela mão do Fantasporto e, estou certa, quem os viu na altura, não esqueceu as suas imagens.
Os irmãos Quay, nascidos nos Estados Unidos, estudaram ilustração em Filadélfia. Mais tarde mudaram-se para Londres e nunca mais deixam a Europa, assumindo a herança cultural europeia com facilidade. Ultimamente, é através da tradição de imagem e iconografia da Europa de Leste que falam. Como se poderá ler em qualquer texto sobre o seu trabalho, os seus filmes seguem a estrutura do sonho, não têm uma linha de narração nítida: objectos e cenário assumem o protagonismo do filme em detrimento das personagens. Filmes repletos de referências a todos os campos da arte, incluindo a literatura, estes não são filmes para quem gosta de histórias de Natal convencionais... ;-)
Em baixo, imagens da sua primeira longa metragem, o "Instituto Benjamenta" (ou "This Dream People Call Human Life"), de 1995.
"Institute Benjamenta: Classroom Dance" (cerca de 8')
"Institute Benjamenta: Can you hear me" (6')
"Institute Benjamenta: I'm dying from" (9')
"Institute Benjamenta: And a nice, big zero" (10')
Classificado como surrealista, não valerá verdadeiramente a pena contar a história deste filme adaptado do romance "Jakob von Gunten" de Robert Walser. Para resumir muito, o filme segue as experiências de Jacob von Gunten no Instituto Benjamenta, uma escola para rapazes onde ingressa e onde se vem a envolver com uma das instrutoras.
"One learns very little here," observes young Jakob von Gunten after his first day at the Benjamenta Institute, where he has enrolled himself as a student. The teachers lie around like dead men. There is only one textbook, What is the Aim of Benjamenta's Boys' School?, and only one lesson, "How Should a Boy Behave?" All the teaching is done by Fräulein Lisa Benjamenta, sister of the principal. Herr Benjamenta himself sits in his office and counts his money, like an ogre in a fairy tale. In fact, the school is a bit of a swindle." (excerto de "Jakob von Gunten")
Os irmãos Quay utilizam extensivamente o chamado "stop-motion", uma técnica de manuseamento dos objectos de um frame para o outro que faz com que, no filme, os objectos pareçam mover-se por si. Uma técnica que foi aparentemente tornada obsoleta pela animação digital, mas que continua a ser usada, por vezes iludindo dificuldades de orçamento, outras por verdadeira escolha estética, como o fazem os irmãos Quay e Tim Burton, por exemplo.
Dez anos mais tarde, em 2005, os irmão Quay realizaram a sua segunda longa metragem: "The Piano Tuner of Earthquakes". Lembrou-me a influência de Tarkovski, evidente, e talvez de um certo cinema de realidades alternativas que me lembro de ver nas imagens de "Mirrormask" de Dave McKean.
Um artigo aqui, no excelente Senses of Cinema.
Outro aqui, no Art and Culture
Artigo de Suzanne Buchan
Gostei, mais que todas da frase de Terry Gilliam : "The most visually beautiful and hauntingly humorous film I have seen in the last three hundred years."
light gazing, ışığa bakmak
Friday, October 26, 2007
O "Instituto Benjamenta" dos irmãos Quay
Publicado por Ana V. às 5:08 PM
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