na janela do Frágil.
de manhã despontam as pessoas que vivem em casa como refugiados de uma guerra nocturna. pendura-se roupa, desce-se à mercearia, ouve-se missa, jazz ou samba, conforme a faixa etária e proveniência. aos domingos, o bairro desperta por volta das dez.
o bairro não precisa de palavras, desde a rua da Rosa, descendo até à entrada da Praça Luís de Camões. domingo de manhã caminho fugindo às operações de limpeza, que usam as mangueiras poderosas do combate aos incêndios. o lixo acumulado no chão, os milhares de copos e limas que se encostam a portas, janelas e ao tejadilho de carros falam da multidão residente há apenas meia dúzia de horas atrás. um dos homens da limpeza diz-me que há dias piores. o que lhe faz mais confusão é o facto dos copos maiores corresponderem a cocktails, cada um a seis euros e meio ou sete. imagino-o fazendo contas todos os domingos de manhã, arrancado à família para limpar os destroços dos outros.
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