light gazing, ışığa bakmak

Thursday, December 31, 2009

vai embora com um sopro

são números. entretanto pego na desculpa numérica e desejo a todos os amigos doze meses de sorriso, chá quente ou frio, e salpico de tristeza porque sem sombra não há luz.

Wednesday, December 30, 2009

best of '09

depois dos livros as suas moradas. a melhor do ano: Passaporta. ah, delícia. segunda melhor já em território nacional, o Histórias com Bicho, mesmo em dias de vendaval. e as mais mais mais de Lisboa: a Poesia Incompleta (vénia sem cacete ou outro instrumento menos pacífico), a Trama e a Pó dos Livros (embora o título me faça espirrar). em qualquer uma delas sou feliz, mesmo se de cócoras ou meio espraiada pelo chão à procura das pérolas na prateleira de baixo. um tchin-tchin de cristal para as três. aquele abraço: para a Susana livreira e amiga no Alvor.

posso estar enganada, mas

na Portaria nº 1020/91 dizia-se:

"Portaria n.° 1020/91 de 3 de Outubro

O Decreto-Lei n.° 104/89, de 6 de Abril, que aprovou o novo regime da inscrição marítima, definiu, no escalão da marinhagem, a categoria de cozinheiro.

O anexo à Portaria n.° 251/89, de 6 de Abril, estabelece que para o acesso a esta categoria é necessária, entre outros requisitos, a frequência de um curso de promoção específico da marinha do comércio, determinando o anexo à Portaria n.° 1086/90, de 27 de Outubro, que o referido curso, uma vez que ainda não existe, seja criado por portaria do Ministro das ObrasPúblicas, Transportes e Comunicações.

Assim: Nos termos do disposto no n.° I do artigo 16.° do anexo à Portaria n.° 1086/90, de 27 de Outubro, e por proposta da Escola de Mestrança e Marinhagem: Manda o Governo, pelo Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, o seguinte:

1.° É criado no âmbito da marinha do comércio ocurso de formação para cozinheiro, designado «curso de cozinheiro».
2.° O curso de cozinheiro destina-se a ser frequentado por indivíduos que reúnam as condições para acesso à inscrição marítima.

3.° O curso de cozinheiro é ministrado pela Escola de Mestrança e Marinhagem (EMM).

4.° O funcionamento, a duração, o currículo e o plano de estudos do curso de cozinheiro serão aprovados por despacho do Ministro das Obras Públicas,Transportes e Comunicações, nos termos da alínea a) do n.° 2 do artigo 16.° do anexo à Portarian.° 1086/90, de 27 de Outubro.

5.° Concluído o curso com aproveitamento, a EMM emitirá o respectivo diploma.

6.° Compete ao director da EMM, ouvido o conselho escolar, estabelecer as normas de equivalência entre este curso e outros cursos de formação ministrados por outras escolas de ensino náutico ou estabelecimentos de ensino público ou privado, nacionais ou estrangeiros, por elas reconhecidos.

Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações. Assinada em 17 de Setembro de 1991. Pelo Ministro das Obras Públicas, Transportes e Co-municações, Jorge Manuel Mendes Antas, Secretáriode Estado dos Transportes"

..
ora, a Escola de Mestrança e Marinhagem ou escola de Pescas e Marinha do Comércio ou Escola de Marinhagem ou ou ou.. não existe. no seu lugar a Fundação Champalimaud, na Avenida Brasília. A Forpescas na sua versão For-Mar deve supostamente ministrar os cursos da extinta escola, mas isso não acontece para cozinheiro, despenseiro nem empregado de câmaras. "maritime school" em Portugal: 1. em Espanha: 13, mas o azar é nosso.

e quem quiser cozinhar a bordo, pode sempre aprender ali.
é verdade, além do desrespeito às nossas próprias leis, também há o desrespeito às leis internacionais.

um aparte: engraçado que em todos os cursos de cozinheiro marítimo que vi seja proeminente o "saber fazer pão" quando, aqui por terra, uma tão grande parte do pão que comemos seja de pão congelado.

best of '09

o que mais gostei de ler este ano: Mutis. e ainda por cima foi releitura. para me lembrar que preciso de embarcar nas aventuras do Maqroll. novo autor com dificuldade: Lobo Antunes. melhor regresso ao passado: Balzac. meu autor do ano: Simenon. parece que as novidades não passaram por aqui. ou é de mim ou é do tempo. para 2010: Carver e Chatwin.

Tuesday, December 29, 2009

o desejo é muito

os meus saldos. entre o abeto nórdico e o abeto do novo mundo.

plain wishes para o novo ano. e quando as minhas osgas acordarem, vou fugir nesta.

outro se

se o Royal olha desta maneira, eu devo ter algum resquício de designer em mim.

i luv Wyoming


um travelogue de Matt Slaby. via Verve Photo.

e este Suburban Splendour, especialmente, para ir com o teu Richard Ford. ou este. e mais este para mais tarde desdobrar.

Monday, December 28, 2009

nova colecção de casas

para fazer um beco, uma rua, uma vila.. apanha-se a ideia.



a primeira: "A minha avó vivia numa casa de tijolos vermelhos escondida por detrás de loureiros salpicados de amarelo. Tinha altas chaminés, empenas pontiagudas e um jardim com rosas cor de sangue. Lá dentro cheirava a igreja."


a segunda: "Imaginava uma casa baixa feita de troncos, com um telhado também de madeira e bem calafetada contra as tempestades; lenha a arder na lareira, as paredes cobertas com os melhores livros, um lugar onde viver quando o resto do mundo fosse pelos ares."

estas duas são de Bruce Chatwin Na Patagónia do Rui. uma a pertencer ao passado e outra a um desejo futuro. mas aqui posso tê-las lado a lado no mesmo tempo e na mesma rua.

de repente a ideia de uma metrópole feita só de letras é muito atraente.

-----
se existem as originais, as originais serão:

first: "My grandmother lived in a red-brick house set behind a screen of yellow spattered laurels. It had tall chimneys, pointed gables and a garden of blood-coloured roses. Inside it smelled of church."

second: "I pictured a low timber house with a shingled roof, caulked against storms, with blazing log fires inside and the wall lined with the best books, somewhere to live when the rest of the world blew up."


blasfémia

para quem falhou o original, não há pressa: está aqui. e nem é preciso pagar ticket. considera-se este link uma prendinha de natal atrasada, mas com boa intenção.

"Holmes was certainly not a difficult man to live with. He was quiet in his ways, and his habits were regular. It was rare for him to be up after ten at night, and he had invariably breakfasted and gone out before I rose in the morning. Sometimes he spent his day at the chemical laboratory, sometimes in the dissecting-rooms, and occasionally in long walks, which appeared to take him into the lowest portions of the city. Nothing could exceed his energy when the working fit was upon him; but now and again a reaction would seize him, and for days on end he would lie upon the sofa in the sitting-room, hardly uttering a word or moving a muscle from morning to night. On these occasions I have noticed such a dreamy, vacant expression in his eyes, that I might have suspected him of being addicted to the use of some narcotic, had not the temperance and cleanliness of his whole life forbidden such a notion.", do Study in Scarlet, belo nome. e em baixo, o Sherlock escocês, como vem na wiki.



dito isto: porque diabo há um pequeno diletante com pouca imaginação e muitos recursos financeiros, sabe-se lá de onde vieram, fazer uma colagem de ideias pobres do mítico "cinema americano" e transformar o Sherlock em rufia do oeste com um toque, para piorar a coisa, de maldição sobrenatural. só faltaram lobisomens, deus nos livre e salve. salve-se o superlativo Robert Downey Jr. mau mau mesmo mau foi terem usurpado um título venerando para tal coisa. e prometo que não digo mal de mais nada este ano.

Sunday, December 27, 2009

diário

para mandar um beijinho à Sandra porque me fez pensar nisto.


tenho uma caixa secreta e desmaiada, no canto do outro quarto onde está frio, colada toda com fita-cola da mais larga para que abrir demore mais do que segundos e seja necessária uma tesoura, ou uma faca. dentro tesouros que eram da memória, como se a química falhasse, e falha, mais do que o papel. são átomos diferentes, se calhar, com vidas paralelas mais desfazadas no tempo e uma delas com restauro possível. e os primeiros tinham um fecho que costumava ser dourado, as minúsculas chaves que nunca duraram mais do que sete dias como o pastor mas em diferente escala. e cadernos também colados, umas páginas mais do que outras, festim de fita-cola e assim sei que ali se passou qualquer coisa. gordos de fotos e recortes, uma cola arcaica do outro século em que desfazer era tão mais difícil, o compromisso com a escolha era quase definitivo ou métodos radicais seriam chamados. se não se quisesse esta cara nesta página como desfazer a cola, como pelar o papel mantendo intacta a página. mas assim se aceitava a decisão. agora leio diário e começo logo a dissecar as letras e a cortá-las em fatias, a dispô-las assim e assado para ver o que delas consigo semear. agora não há caixa para ver, são todas elas letras no espaço a perseguir fios invisíveis e linhas e qualquer um as vê e vai embora, encontrões sem ombros entre lixos espaciais, um ruído comunitário onde o face-a-face com o papel passou a aceno ligeiro de transporte lotado entre a baixa e as avenidas novas. em quanto espaço branco viajamos na deriva das nossas mil caras e quem nos encontrará.

cá está a nostalgia possível da meninice.

ah2

Abu Dhabi's commercial is majorly annoying bad literature. in a land where the impossible is defined [pause] and ignored. definitivamente não sou fã do épico.

Saturday, December 26, 2009

Histórias com Bicho

Now we know that the sun sets everywhere. We know that when it sets all the colors change. We know too that we can draw and color the sun in lots of different ways, using different mediums, with lots of different colors, and we can do it on different kinds of paper: a yellow sun on black paper, a black sun on yellow paper, a white sun on... paper. But everyone can do it as they like, even with a slice of orange or a piece of polenta.
em Drawing the Sun, de Bruno Munari



este ano e apesar da tempestade que apagou a luz de muitas freguesias na zona Oeste, incluindo a da livraria Histórias com Bicho, a visita não falhou. seguir por montes e vales e colinas em estrada sinuosa para chegar à livraria infantil mais encantadora que já vi, em Portugal com certeza, lá fora nas top 3. a livraria é também espaço de exposição, ar livre, editora, representante e gabinete gráfico. mais do que tudo, é um espaço muito bonito e cuidado, com uma mais do que excelente selecção de livros infantis e juvenis, em português e não só. as estrelas, para além de uma representação de livros espanhóis de alta qualidade, são todos os livros de Bruno Munari. a educação visual é muito mais do que apenas isso, molda e abre o olhos para realidades totalmente diferentes e outras, para a curiosidade, para a intercepção de áreas inesperadas. os olhos educam-se, a vontade, o pensamento alternativo e fora do molde. muito para além do bonitinho, do bonito ou do conto infantil, uma colecção que consegue ligar o mundo adulto ao mundo infantil de um modo quase sem palavras. para adultos insatisfeitos e para crianças que já passaram do nível básico de apreensão da imagem. para o meu fascínio contribuiu o atendimento paciente a perder de vista de quem não se importa de mostrar e procurar e dialogar (o meu grande obrigada), mesmo quando umas senhoras raízes se mostram cá fora e algumas coisas voaram de noite com o mau tempo. uma livraria de referência que aconselho vivamente a quem passe na A8. fica logo ali, vale bem a pena a visita. por mim, espero poder lá parar muitas mais vezes. uma nota final para a óptima exposição de Danuta, que apanhei em último dia. e quem segue? ainda não se pode dizer: é segredo. (o meu sol.. estava capaz de o desenhar com a decopen anterior em prato branco com molho de groselha)


[surpresa das surpresas, pelas mãos de Berlino: "raspberry tinted sun", já tinha dito Anna Akhmatova.]













decopen da Lékué



na categoria de prendas surpreendentes. com receitas. vale vinte pontos.

ah

quando o que devia ser leve é pesado, não há paciência. das seis e meia da manhã às onze. da uma e meia da tarde às dez e meia da noite. das duas da manhã às três e meia da manhã. mais uma hora, quatro e meia da manhã do dia seguinte. o intervalo são lounge rooms. vinte e quatro horas. e um decaffeinato intenso.

missing

The Daughter Goes To Camp
Sharon Olds

In the taxi alone, home from the airport,
I could not believe you were gone. My palm kept
creeping over the smooth plastic
to find your strong meaty little hand and
squeeze it, find your narrow thigh in the
noble ribbing of the corduroy,
straight and regular as anything in nature, to
find the slack cool cheek of a
child in the heat of a summer morning—
nothing, nothing, waves of bawling
hitting me in hot flashes like some
change of life, some boiling wave
rising in me toward your body, toward
where it should have been on the seat, your
brow curved like a cereal bowl, your
eyes dark with massed crystals like the
magnified scales of a butterfly's wing, the
delicate feelers of your limp hair,
floods of blood rising in my face as I
tried to reassemble the hot
gritty molecules in the car, to
make you appear like a holograph
on the back seat, pull you out of nothing
as I once did—but you were really gone,
the cab glossy as a slit caul out of
which you had slipped, the air glittering
electric with escape as it does in the room at a birth.


- -
and interview. and another.

Friday, December 25, 2009

no plano, a propósito de uma conversa

e para evitar o esmagamento das cascas: conjugar esta com esta.

pode ser que vá a tempo do ano novo.

shrimp bisque

para o caldo: 1 kg cascas de camarão, 2 litros e meio de água + 1 chávena, 1 cháv. cebola picada, 1/2 cháv, de cenoura, 1/2 cháv. aipo, 1 colher de sopa de alho, 1/2 cháv. cogumelos. ervas: 1 folha de louro, 1/4 colher de sobremesa de tomilho, 1/4 colher de sobr. de pimenta preta moída e 4 caules de salsa. cozer durante uma hora. coar e arrefecer com gelo.

o quê (para 8): 100g manteiga, 2 cebolas, 4 pés de aipo, 2 cenouras, 2 latas pequenas tomate pelado inteiro, 12 colh. sopa de azeite, 1/2 kg camarão, 2 litros e meio de caldo, 200ml vinho branco, 8 colh. sopa de arroz, 250ml natas, pimenta preta, sal, 2 colh. sopa estragão e 4 colh. sopa salsa.

como: saltear o camarão em azeite durante 3 minutos, retirar. acrescentar azeite e manteiga e saltear os vegetais sem dourar. acrescentar depois o tomate e cozer mais 2 minutos. juntar o caldo e o arroz e cozinhar 20 min. descascar os camarões e juntar metade. cozinhar mais 30 minutos. reduzir a puré, coar e voltar ao lume. acrescentar manteiga e natas. servir e decorar com os restantes camarões e com as folhas de estragão.


banana bread

banana bread
que é suposto ter este aspecto, um pouco mais escuro. agora, sim, experimentado e para memória futura. receita para dois bolos, em forma de bolo inglês.

o quê: 100g de nozes descascadas e partidas. 400g farinha, 2 colheres de chá de bicarbonato de sódio, colher e meia de chá de canela, meia colher de chá de sal, 4 ovos à temperatura ambiente, 450g açúcar que acho demais, uma chávena de óleo ou 200g, 6 bananas maduras, um quarto de chávena de crème fraiche, 2 colheres de chá de baunilha.

como: tostar as nozes partidas. untar e enfarinhar duas formas longas. acender o forno a 180º. untar as formas com manteiga e depois com farinha, sacudindo o excesso. misturar a farinha, o bicarbonato de sódio, a canela e o sal. à parte, bater os ovos inteiros e o açúcar até obter uma mistura expessa, na batedeira cerca de 10 minutos. reduzir a velocidade e juntar o óleo (de girassol o mais leve possível) em fio. juntar depois as bananas bem pisadas, o crème fraîche e a baunilha. remover da batedeira e juntar a mistura de farinha e depois as nozes, sem bater. Dividir pelas duas formas e levar ao forno cerca de uma hora até um palito sair seco. retirar, deixar arrefecer na forma 10 minutos e de pois retirar. deixar arrefecer completamente, ou seja, a parte mais difícil.

a original daqui. o meu não teve foto, mas este tem! :)

Thursday, December 24, 2009

desejos

de Bom Natal.

Gerhard Richter, Abstract Painting (2005)

Wednesday, December 23, 2009

os Intervalos do Real de Cristina Ataíde

vai ser injusto misturá-la com várias coisas, mas os dias são assim mesmo, não se faz uma coisa separada de outra. amanhã será o dia semi-mundial da cozinha e ponho-me a pensar se não deveria dar uma cozedura rápida às batatas logo pela manhã, bem cedo. regressando de Óbidos, onde a Vila Natal voou junto com alguns telhados inteiros, como o que vi pousado no meio de um campo de cultivo, e com milhentos sinais de trânsito e todos os toldos e plásticos de estufas. em Óbidos estavam os Intervalos do Real de Cristina Ataíde, na galeria Ogiva. na janela do primeiro andar, uma idosa contava como tinha ficado sem luz, sem televisão, sem nada. as bancas de ginjinha tinham tombado, de manhã ainda se limpava e reconstituía os cenários da compra natalícia enquanto umas centenas de crianças desiludidas aproveitavam o que há, mesmo sem pista de gelo. de noite imaginei a janela a ceder ao vento e por ela entrarem de rompão as árvores de natal da praça. uma colecção delas caídas. gostei do pigmento vermelho, tóxico.











quero levar este ano como água.

esfera entre ventos

Avatar

two words: amazingly fantastic.

quando vejo mil coisas antigas numa que é totalmente nova, só posso dizer isto. vi em Cinemax maravilha, mas ainda hei-de repetir em 3D [fã do 3D desde o primeiro minuto]. aconselhável para quase todas as idades com consciência e, pois sim, quanto maior o conhecimento de outras histórias e sons e imagens e mitos mais se pode ver neste para-além-do-mais lindíssimo filme.

chegar à zona Oeste

logo em noite de ventos ciclónicos na Lourinhã e em Torres Vedras.

Tuesday, December 22, 2009

actualização de direcção



o tempo frio e de vidro, de maneira que respiro melhor. ausência de insectos e de comedores de insectos. ausência de película branca sobre os objectos. por vezes o branco mas da névoa. (acabei com as flores, mas mantenho um pequeno morangueiro silvestre a que gosto de chamar selvagem). e ter bafo de dragão logo de manhã.

por detrás da estação de Sintra há um restaurante que eu não conhecia apesar de por ali vaguear há pelo menos quarenta anos, o D. Pipas. a fugir da chuva, com pouca convicção porque a não ser que jorre gosto de apanhar com ela na cara e ter o cabelo frio de gotículas, entrámos para o espaço na altura cheio de empregados de mangas (alpaca), um sítio onde se come todos os dias ou em dias mais festivos como hoje, o último de trabalho para muitos escriturários de primeira e de segunda, em que se aproveita para fugir ao croquete e à tigela de sopa em pé ao balcão. comida-surpresa com mousse de travo laranja. uma colecção de velhos aparelhos de rádio. alguns ferros de engomar dos de metal. um garrafão imenso de vidro verde. azulejos desenhos e aguarelas. uma boneca vermelha natalícia e uma abóbora. há sangria e a origem da carne. quem atende são homens e todos acima dos quarenta, senão dos cinquenta, a comprovar a estabilidade do estabelecimento.

rebentou-lhe uma veia na cabeça, tinha quarenta e dois anos. assim digo quarenta pela terceira vez. vai esta tarde para o cemitério de __. a chuvinha e o atrás da televisão. passou. na santa casa da misericórdia duas mulheres falavam com a assistente. o objectivo: alugar uma cama de doente e o serviço de alguém para tratar do sogro acamado. tem tantas doenças que nem sei o que tem. está a ficar com ferida, a mulher não lhe consegue dar banho sozinha mas o comer dá-lhe. a ver se precisa do colchão para escaras e são trinta euros por mês, a cama. não diz coisa com coisa, algaliado.

em Óbidos, seguindo aquela direcção, há o Troca-Tintos, um dos mais agradáveis wine bars que conheço. mais tarde, e seguindo orientações anteriores, hei-de separar os azeites (e não águas) em pequenos frascos mais dourados que água benta, colocar etiqueta de elevado nível e quem sabe juntar poejo.

marshmallow

a luz limão

de Christina Rossetti, mas só o apetite inicial, antes que se misturem temperos simbólicos ou de paradigma tão maior do que o espaço da banca deste mercado [Goblin Market]. se a tentação estava na fruta, ou no que se come. ainda a ver em outras histórias, em lugares estranhos. gosto dessas mulheres de cara longa e boca repuxada, como gosto da cara desta Christina.

("she was opposed to war, slavery (in the American South), cruelty to animals (in the prevalent practice of animal experimentation), the exploitation of girls in under-age prostitution and all forms of military aggression.", da wiki)


"Come buy our orchard fruits,
Come buy, come buy:
Apples and quinces,
Lemons and oranges,
Plump unpecked cherries,
Melons and raspberries,
Bloom-down-cheeked peaches,
Swart-headed mulberries,
Wild free-born cranberries,
Crab-apples, dewberries,
Pine-apples, blackberries,
Apricots, strawberries;--
All ripe together
In summer weather,--
Morns that pass by,
Fair eves that fly;
Come buy, come buy:
Our grapes fresh from the vine,
Pomegranates full and fine,
Dates and sharp bullaces,
Rare pears and greengages,
[4]Damsons and bilberries,
Taste them and try:
Currants and gooseberries,
Bright-fire-like barberries,
Figs to fill your mouth,
Citrons from the South,
Sweet to tongue and sound to eye;
Come buy, come buy."

(ele, o tempero: "However her most famous collection, Goblin Market and Other Poems, appeared in 1862, when she was 31. The collection garnered much critical praise and, according to Jan Marsh, "Elizabeth Barrett Browning's death" (in 1861) "led to Rossetti being hailed as her natural successor as 'female laureate'." The title poem from this book is one of Rossetti's best known works and, although at first glance it may seem merely to be a nursery rhyme about two sisters' misadventures with goblins, the poem is multi-layered, challenging, and complex. Critics have interpreted the piece in a variety of ways: seeing it as an allegory about temptation and salvation; a commentary on Victorian gender roles and female agency; and a work about erotic desire and social redemption — perhaps influenced by her work with the "fallen women" in Highgate. Some readers have noted its likeness to Coleridge's "The Rime of the Ancient Mariner" given both poems' religious themes of temptation, sin and redemption by vicarious suffering.", também da wiki)

Monday, December 21, 2009

a meio da quadra

que é uma ocasião para enfileirar pensamentos enquanto se espera pelos 180º. nos últimos dias vendo passar desentendimentos, um ou dois meus que espero conter por aí adiante. e a julgar que nada se faz sem que uma coisa leve a outra e a outra, poucas vezes se tem a opção da escolha. foram bons os brinquedos da técnica, e algumas vistas inéditas que desembrulham outras, uma nova ligação terrena e o peso dela, ainda esta manhã. a perda de outra e de mais outra, imensas no que podia ser o mais terrível dos anos, mas o que digo, pensando melhor e ainda à espera dos 180º. uns doze meses magníficos.

"art description"

"Richard Estes, reflective windows; Malcolm Morley, tourists on cruise ships; Chuck Close, portraits; Duane Hanson, human figures; Gordon Snidow, cowboys; and Mel Ramos, flashy nudes." (daqui)

rehearsals for departure

de Tim Carpenter: gostei. (por aqui)

Jackson C. Frank









no myspace.

Gold and silver is the autumn
Soft and tender are her skies
Yes and no are the answers
Written in my true love's eyes

Autumn's leaving and winter's coming
I think that I'll be moving along
I've got to leave her and find another
I've got to sing my heart's true song

Round and round the burning circle
All the seasons: one, two, and three
Autumn comes and then the winter
Spring is born and wanders free

Gold and silver burn my autumns
All too soon they'd fade and die
And then, oh there are no others
Milk and honey were their lies

. . .
e não sentia isto desde o Hurt, do J. Cash. à propos de emoções. a imagem -que não seja em movimento- faz chorar? sei que li o terço final do Jude The Obscure a chorar em cachão, de uma vezada só. e a música pode fazer o mesmo, não é o texto, são as notas.

Saturday, December 19, 2009

a entrar em fase de cozinha

e a recolher instruções: banana bread. apple pie. mousse. brownie thins. norwegian butter cookies. frosting talvez. no entretanto, óbidos vila natal. alcaide ou ramires. e desta vez esta não falha. e finalmente, capaz de fazer este perú. com estas. talvez estes (adding toasted pinenuts). e sobremesa logo se vê. vai ter de haver chocolate. nota: absolutely great converter.

- - -
primeira fase: concluída com grande alívio em vinte e quatro horas.

assim nada,,

Thursday, December 17, 2009

porque não me apetece type type

desde uma certa janela do Primo Basílio e de uma aula mais ou menos contemporânea no BI em que nos era dito que entrássemos na casa passando pelo portão. adoro descrições, tanto como andar na escuridão completa. voltei a encontrá-las aqui. primeiro os pálidos holandeses (new topographics), um curto intervalo pastilha elástica e, no interior, mais precisamente num restaurante francês recentemente convertido em chinês, o claro-escuro de Nighthawks, embora eu fosse ainda mais atrás no tempo.





e aqui. seguirá quote.

school


que ninguém é perfeito

cinco estrelas

(migalhas)

ainda assim

satisfeita de ter acordado (e como sobreviver este ano), tendo falhado o susto do tremor mais forte em quarenta anos. engraçado ter sabido pela Susana no facebook, mais perto do epicentro do que eu. o ano a terminar com um boom! subterrâneo.

Tuesday, December 15, 2009

lemon sunshine, ou Tracey Moffatt outra vez e em contexto de road movie

"Bird in Hand, Paradise: his eyes keep going back to this dainty lettering on the map. He has an impulse, amid the oilfilmed shimmer of this synthetic and desultory diner, to drive there. Little plump women, toy dogs in the street, candy houses in lemon sunshine". Rabbit, Run. J. Updike

o nevoeiro não é neve. cores preferidas na Unless You Will, cores dos países baixos

mas esteticamente anda bem perto #2
Daniel Freytag

através do #2 da revista Unless You Will e blog.






Tracey Moffatt, a cor


e muitas mais.

Monday, December 14, 2009

frases a colocar no próximo boletim de voto

daqui não saio, que maçada.

admito

quero este livro!

"For our part, it is the messiness of film, its resistance to singular theory, that makes it theoretically interesting. Moreover, by making ourselves aware of how the multilayered, contextual and processual nature of film resists anyone reductive thought, we might even see how film itself can genuinely think rather than merely illustrate thought. To demonstrate this view, we must firstly show that film is indeed a relational process, one that enfolds within its moments a multiplicity of properties that cannot be set into any preformed philosophical hierarchy (of artist over audience, of author's intention over material medium, of audience reception over genre convention, and so on). Understood through a theory of cinematic process, film encompasses aspects from every paradigm of film-philosophy rather than being reducible to any one (as its illustration). In place of philosophical illustration by film, then, there is the becoming philosophical of film itself, that which resists any singular, reductive theorization of its processual being: the élan cinématique. This is a double-sided argument, however. On the one side, film can make us think by refusing to allow us to enforce our thoughts (of what it is) on it. On the other side, this recalcitrance to our thought may well be its form of thought too, so that what we are made to think is not our thought alone, but something co-engendered between us and film. In addition, finally, this thoughtful resistance of film to (any one) philosophy may not only force us to rethink our ontology of film, but equally what we mean by philosophy as well."


um .pdf interessante para ler aqui. e uma review.
John Mullarkey, Refractions of Reality: Philosophy and the Moving Image.

e nem de propósito
Farber on Film
PETITE MANNYFESTO
by B. Kite, nos Auteurs

1. Manny Farber, his goal: "to get himself to disappear. To get the object in question to shimmer with its own unique sense of awe."

2. An improving exercise: Watch a favorite film on DVD at 1/8th its normal speed. Under these conditions, the microworlds contained within gesture, spaces, movements of camera and figures begin to open out, and the between takes on a weight equal to the achieved.

3. Because: The amazing thing about movies is that there's so much STUFF in them. Which makes the critical tendency to focus on a handful of aspects (mostly thematic) all the more distressing. And more distressing still the limited number of approaches taken even in regard to thematic material, which itself contains diversity and plenitude.

4. The point is, or ought to be, to create a bounded terrain for the object, to restore/reveal its strangeness, not to still its fluctuations with concepts and abstract, unexamined categories of judgment (see #7).

5. More selfishly, the object is for the writer the occasion to construct an idea formation with its own utility. There is a continual tension between these two goals, largely because the idea formation often wants to pull away from the object, thus misrepresenting it, in order to achieve its own, tidier shapes.

6. Here too Farber is a beacon, calling the writer back to peculiarity and particularity, and also laying a lattice for multiple approaches instead of single lines through (the danger of rhetoric assuming its own momentum, that of judgment, usually based on received ideas (see #7) (what is a "good performance"? what does "beautifully photographed" mean?), producing a steady stream of therefores).

7. Because: Of the plague of OPINION, the regrettable temptation to set oneself up as AUTHORITY.

Q: What is the role of evaluation in your critical work?

MF: It's practically worthless for a critic. The last thing I want to know is whether you like [the artwork] or not: the problems of writing are after that.

7a. Opinion-centered criticism places judgment at the apex. The materials of the film are sifted in relation to judgment, supporting evidence is bagged, everything else discarded. This procedure flattens the continual flux of response we experience when we watch a film, when we enter into its fields of tension and repose. And among the discarded are all the niggling sticky little moments of uncertain response, when something in the film refuses to fit our frames of reference. Such moments issue a quiet and often unacknowledged cry, somewhere in the basement of consciousness. They produce a minor discomfort. But they may in fact signal the most valuable and unique aspects of the work in question.

7b. Authority is a particular stance the writer assumes first toward his/her own experience, and it is an act of violence against that experience. The desire to act as authority results in a particular disease for many film critics, an urge to find their position of judgment (see #7a) as quickly as possible (what’s my angle? how many stars does it merit? where should I position my thumb?) Once this is done, everything in the film is seen in relation to that judgment. It’s understandable enough (not admirable, but understandable), especially in the case of writers on a tight deadline. What’s really seems strange, at first glance, is the number of regular filmgoers likewise diseased. But on reflection, that makes sense too—the authoritative, opinion-centered mode is in many cases their only model for thinking about film, so it’s natural enough that they would emulate its stance, enact its violence on themselves.

7c. Most film criticism impoverishes its readers, lending them a narrow set of potential responses based on a few stupid and unexamined tropes.

8. For writers and viewers interested less in judgment than exploration, it is sometimes productive to cut into the object "against the grain"—to liberate trapped gesture and incidental beauty and strangeness (see #3) from the stranglehold of narrative function. Sometimes, even the purest instances of narrative transmission (say an insert shot of a bathtub tap, an empty hand, a hat, a stain, a calling card) carry enormous plastic beauty simply in their clean lines. Such concentrated seeds of meaning can exfoliate in many directions. Farber had a collector's eye for incidental beauty and also those obtrusive elements which complicate the overhead, univocal, predator's position, which regards the object in question as a hunk of dead meat.

9. Such "against the (narrative) grain" procedures are not a betrayal of the object, and could only be considered so if one views the object exclusively in narrative terms (as a "story-delivery mechanism"). And then too only if one's notion of story is strictly delimited (or impoverished, see #7).

10. The superficial irony of the Farber quotes (see #1 and #7) lies in the fact that few personalities are as evident as Farber's own, even if the attempt to track that down to a basic, constant sensibility is frequently, thrillingly thwarted. This is, however, a natural outgrowth of his method—the self, or selves, shine(s) forth most cleanly when concentrated on an external target. The shifts of stance in the new collection can be disconcerting (eg, The Best Years of Our Lives, one of many shooting stars in the in the Mannyverse), but that’s one of the best things about it—the way Farber can inhabit a stance without ultimately tying himself to it (how depressingly rare that is).

11.

“In every work of genius we recognize our own rejected thoughts; they come back to us with a certain alienated majesty. Great works of art have no more affecting lesson for us than this. They teach us to abide by our spontaneous impression with good-humored inflexibility then most when the whole cry of voices is on the other side. Else to-morrow a stranger will say with masterly good sense precisely what we have thought and felt all the time, and we shall be forced to take with shame our own opinion from another.”

– Emerson, Self-Reliance

Farber had from the start the courage of his own impressions. Setting himself the paradoxical task of following the most elusive (and sometimes, it must be admitted, factually incorrect) sense memories with rigor led him to a place where extremes of objectivity and subjectivity become almost indistinguishable.

Looking for other precedents to the structures Farber and Patricia Patterson achieved in their mature pieces, one could do worse than turn to Emerson, whose Essays follow a fluid pattern of advance, retreat, and repositioning around a central topic continually redefined. (The notion of “continuation,” advanced in the Richard Thompson interview, deserves to be brought forward, now that elephant/termite has begun to calcify.)

And like Emerson, the message of Farber’s best pieces is to trust yourself, follow your own nascent impressions and impulses, regard perception not as a means to an end (the stance of authority) but as its own independent adventure.

12. On a very basic level, there's a kind of humility, or hard self-knowledge, implicit in the movie paintings of the 1980s, their implicit admission that however earnestly one approaches the object and tries to shape oneself to its terms, one can only do so with the materials one has at hand: treasures and junk collected over a lifetime along with whatever detritus the day washes up. Farber moves outward and inward in the same paradoxical motion, interrogating both the object and his own ability to perceive the object, probing the object through himself and vice versa. In this respect, his work bears comparison with both Proust and Michel Leiris.

13. Or, with reference to the following quotes—

“I can’t see any difference between writing about a porno movie and an Academy Award movie—both are difficult objects.” – Farber

“This was before the word processor, and we did so much cutting and pasting that when we were through we had produced these incredible objects—you should have seen what the final pieces looked like.” – Patterson

—one could say that Farber/Patterson met difficult objects with incredible palimpsests of ideas and impressions. The similarity to the description of Proust’s manuscripts (galleys overflowing with ribbons of pasted interpolation) isn’t coincidental but a byproduct of a parallel search to find some stable form for the interplay of the ephemeral.

14. Farber’s great virtue was impatience, not least with regard to himself, his ideas, those things he could do well. It led him finally to renounce himself, or at least his own singular authorial position, altogether and try to find positions outside even his own ample bounds. Patterson’s contribution is immense and perpetually undervalued. Farber was always good, but the very best and most shocking pieces are the product of that “third voice” that arose from the F/P conjunction.

15. To call Farber a master is to do violence to his dedicated avoidance of mastery and his commitment to nurturing difficulties. That’s the best legacy he left to contemporary film writers, and the one least likely to be claimed.


Sunday, December 13, 2009

marcando

o início de Rabbit, Run. assim, de repente, parece-me totalmente fotográfico.

devia ter seguido The Lay of the Land, foi o tempo, passou, dois anos.
e devia ter precedido (a juzante, como me confundem com esta direcção) Babbitt de Sinclair Lewis.


"He turns down Kegerise Street, a narrow gravel alley curving past the blank back side of a small box factory where mostly middle-aged women work, the cement-block face of a wholesale beer outlet, and a truly old stone farmhouse, now boarded up, one of the oldest buildings in town, thick crude masonry of Indianskin sandstone. This farmhouse, which once commanded half of the acreage the town is now built on, still retains, behind a shattered and vandalized fence, its yard, a junkheap of brown stalks and eroded timber that will in the summer bloom with an unwanted wealth of weeds, waxy green wands and milky pods of silk seeds and airy yellow heads almost liquid with pollen."

map

meu

às vezes

e

é verdade, agora estou no sítio certo, not mainstream.

o primado da imagem prática







dicionário de poses, coisinha engraçada. e se neste momento eu alegasse diferenças irreconciliáveis?


"Television's popularity greatly increased the power of images. Iconic information has superseded alphabetic information as the single most significant cultural influence. The first modern image to achieve universal recognition was the atomic bomb's mushroom explosion. The phallic cloud billowing up over Hiroshima symbolized the unbalanced masculine. It was the climatic end result of thousands of years of left-brain dominance. The world starred slack-jawed and wide-eyed at the awesome power of hunter/killer values carried to their farthest extreme. For all their virtues, abstract science, linear words, and sequential equations had led the world to the brink of extinction."
(...)
"Over the course of history, humankind has been profoundly influenced by the periodic emergence of powerful books. Plato, Aristotle, Paul, Augustine, Mohammed, Aquinas, Galileo, Calvin, Descartes, Newton, Kant, Jefferson, Hegel, Darwin, Marx, and Freud - each stamped their age with a unique imprimatur. Since the atomic blast in 1945 and the Earth image that followed, not a single book has come close to the degree of impact these two photos have had. The written word's influence has been declining for the last fifty years, counterbalanced by the increasing power of the image."
(...)
"The effect of this image bombardment is everywhere in evidence. Dinner conversations, water-cooler schmoozing, and car-pool chit-chat are riddled with the lingo of TV, ads, sporting events, movies, and computers. References to poets and authors, common a century ago among the educated, are increasingly rare."
(...)
In recent years, homogenous print cultures that had boasted high literacy rates prior to World War II have discovered that an alarming percentage of their populations have become functionally illiterate. Educators are aghast; finger pointing and accusations are traded back and forth in the media. Most involved in the debate are unwilling to consider that in the age of the image, literacy will inevitably decline."

em Alphabet versus the Goddess, de Leonard Shlain, que quanto mais leio mais me parece um exercício retórico e de manipulação de informação. enquanto vou vendo a Alice já não mora aqui (ah, bendito príncipe-cowboy para um final feliz, quem seria ela sem orientação). e eu que penso que é pela literacia, como sempre foi e será, que posso estar aqui agora a dizer isto mesmo. como se alguma coisa anulasse outra, como se isto tudo não fosse simultâneo.

Saturday, December 12, 2009

finalmente a sombra no mar



e tão dolorosamente cheguei ao depois-da-estocada de Que Cavalos São Aqueles Que Fazem Sombra No Mar (Finis, laus Deo). muito dito sobre o livro, para ler aqui. (a Mercília, existe, existiu?) afinal tão realista que vou ter de reler tudo outra vez. e tudo, não é só este livro.

Thursday, December 10, 2009

Canby, Minnesota


mesmo assim, tenho tido a sorte de conhecer verdadeiras senhoras.

e assim é, vinte e quatro horas inteiramente minhas, são necessários sessenta minutos para absorver a novidade. depois de outras vinte e quatro em mau estado.
recuperando o que se viu em sonhos, onde está na ficção essa senhora que luta com a vida. imediatamente me lembro de The Greatest Generation, de Tom Brokaw ou mesmo as histórias coligidas de Paul Auster, algumas serão desse norte under-exposed, onde a fronteira já não existe há muito tempo mas em que se respira ainda, pois a natureza é vil bela e mortífera, esse edge de vivência-sobrevivência. claro que a ficção-bibelot do Estado é a de Laura Ingalls-Wilder. lá vi a casa, a pradaria, a escola, tão mais cuidados que o nosso parque-bibelot, Gerês de nome. outro para não esquecer, embora mais radical do que qualquer outro e já longe desta pradaria do Minnesota Oeste, The Rootbeer Lady, que me traz vontade imediata de marcar passagem para Ely, os lagos do norte, que ficaram por ver. Boundary Waters, tudo num nome. (a saber que elevadores e elevatórios e elevações não fazem grande história, o meu reino por um recheio). em viagem. os quebra-gelos e a ponte elevatória. o restaurante circular. ou de um salto, Lake Wobegon, tão grande como aquela Casa, "Where the women are strong, the men are good looking, and all the children are above average". e o eterno-sorriso suave, os grandes frascos de pickles na cave, os comedouros cheios de pássaros que vias pela janela das traseiras, os dois metros de neve em frente à sala, os tomateiros primaveris nas mãos da tua filha. a arte dos quilts, ou a memória dos quilts, exercício de comunidade. era verde e fez-me lembrar um cemitério à beira de um lago, na terra dos mil, o mais bonito.

Wednesday, December 9, 2009

então é assim

finalmente dei-me ao trabalho e organizei os amigos facebook em categorias: família, work, sol, oml, real people, to delete, events, books, food, hotel. (where are you)

nevoeiro não é neve

mas esteticamente anda bem perto

"marmites enragées"


Marmites Enragées de Pilar Albarracín (2006)

"Pour son exposition à la galerie, Pilar Albarracín investit le Project Room d’une armée de Cocottes-Minute (une cinquantaine) dont les vapeurs sont synchronisées au rythme de l’Internationale. Vibrantes et chantantes, ces « Marmites enragées » manifestent leur indignation quant au rôle que la société leur a cruellement attribué." parte de She is a Femme Fatale, no Museu Berardo.
a pressão, as panelas, o som, a ideia, a imagem e tudo não chega aos pés de tal nome.

Tuesday, December 8, 2009

e se lhe roubar uma bola vermelha



continuará a ser dele e a ser a mesma coisa?
One Laughing at the Red Ball, 2000
de JUAN MUÑOZ

"One Laughing at the Red Ball est une œuvre particulièrement énigmatique. Le personnage qu’elle représente, moulé dans une matière grise uniforme, tient une balle rouge, insertion discrète d’un élément coloré renvoyant à l’univers du cirque. Mais son sourire figé trahit un certain malaise qui renvoie à l’inconfort de la condition humaine."
(daqui, em pdf) e com o vermelho restituído, aqui.

"Enfants à leurs bancs d'écoliers, pour la pièce la Classe Morte"

de Tadeusz Kantor (1989)

aqui, em galeria de imagens a cores.

do programa da mesma exposição, Silences, no Musée d'Art Moderne et Contemporain de Estrasburgo: "Avec la pièce La Classe morte, produite en 1975, Tadeusz Kantor inaugure le « Theatrum mortis » genre théâtral nouveau qui cristallise ses expérimentations. Un groupe de vieillards s’y trouve confronté à une classe d’enfants morts qui ne sont autres qu’eux-mêmes, matérialisés par des personnages de cire. Un télescopage scénique qui réactive puissamment les questionnements sur la mémoire et la mort : « L’existence de créatures façonnées à l’image de l’homme d’une manière presque sacrilège et quasi clandestine, fruit de procédés hérétiques, porte la marque de ce côté obscur, nocturne, séditieux de la démarche humaine ». Sculpture intégrée à la scénographie, le banc sur lequel se tiennent alternativement les comédiens et les figurines est pleinement constitutif de l’œuvre et procède du rapprochement qu’opère Kantor entre théâtre et arts plastiques."

fingindo ou não

Wiederkehr

Rita Dove

He only wanted me for happiness:
to walk in air
and not think so much,
to watch the smile
begun in his eyes
end on the lips
his eyes caressed.

He merely hoped, in darkness, to smell
rain; and though he saw how still
I sat to hold the rain untouched
inside me, he never asked
if I would stay. Which is why,
when the choice appeared,
I reached for it.

valeu a pena chafurdar duas horas no lamaçal de livros inúteis da Buchholz, os restos portanto, para encontrar este de Rita Dove, uma surpresa. ponho-me a pensar se talvez aqueles milhares de volumes que não me falam mesmo nada chegam a ser importantes para alguém. empilhados e desconhecidos, dezenas de milhares de poetas que desconheço, tentativas de ficção, e as resmas de papel que se gastaram a falar dos que verdadeiramente interessam, um espectáculo de inutilidade que nunca mais me vai sair da cabeça, bem que o associei ao velório e ao guardar do ente querido dessa imagem da morte, o rosto lívido, a pele borracha, o corpo duro, uma imagem repugnante. assim a imagem dos livros inúteis, indesejados, desconhecidos e envelhecidos em que eu e os outros remexiam, à procura de um Graal que tivesse escapado aos olhos do vizinho. desabafo-exorcismo, valeu este poema na devastação.

os poemas muitos caseiros de Rita Dove e de outros desta geração de detalhes interiores. pequenos objectos do quoditiano, e os meus preferidos, levantam para mim a dúvida em relação a o poeta é um figidor, melhor dizendo, a relação escrita-realidade, um pouco como a fotografia de Aino Kannisto, que tive o enorme prazer de ver este fim-de-semana.



"I make constructed pictures. I build fictional scenes which I record with the camera. I act out the parts of the individuals in my pictures. However, my pictures are not self-portraits in the traditional sense. The person in the picture is a fictional narrator in the same way as there are narrators in literature. My pictures are fantasies, I represent an atmosphere or a mood through fictional persons. Fantasy is a means to speak about emotions.

Making art is for me a reaction to being in the world. I am engaged with my artistic work as I am always a perceiving and reacting human being. I see pictures in my mind, the things I have dealt with come into my dreams and still moments. I cannot stop working as I cannot stop thinking or existing in the world." Aino Kannisto (daqui)

e já agora, para fixar este link

The Mysteries of Harris Burdick, de Chris Van Allsburg

quem não se lembra do Polar Express, de Chris Van Allsburg.
também quero experimentar as histórias de Harris Burdick em papel.


("The Mysteries of Harris Burdick (1984) is a picture book by the American author Chris Van Allsburg consisting of a series of unrelated, highly detailed images in the author's distinctive style. Each image is accompanied by a title and a single line of text, which compel readers to create their own stories.
A fictional editor's note tells of an encounter with an author and illustrator named Harris Burdick, who provided the images and captions as samples, each from a different picture book he had written. He left with a promise to deliver the complete manuscripts if the editor chose to buy the books. Burdick was never seen again, and the samples are all that remain of his supposed books. Readers are challenged to imagine their own stories based on the images in the book.
The image/title/caption pairings all suggest stories that are magical or fantastical and range from sinister to intriguing to whimsical. The book is sometimes used in schools as a springboard for creative writing exercises
.", da wiki)

1.
Archie Smith, Boy Wonder
A tiny voice asked, "Is he the one?"



2.
Under the Rug
Two weeks passed and it happened again.



3.
A Strange day in July
He threw with all his might, but the
third stone came skipping back.



4.
Missing in Venice
Even with her mighty engines in reverse,
the ocean liner was pulled further and
further into the canal.



5.
Another place, another time
If there was an answer, he'd find it there.


6.
Uninvited Guests
His heart was pounding.
He was sure he had seen the doorknob turn.



7.
The Harp
So it's true he thought, it's really true.


8.
Mr. Linden's Library
He had warned her about the book.
Now it was too late.



9.
The seven chairs
The fifth one ended up in France.


10.
The Third-floor Bedroom
It all began when someone left
the window open.



11.
Just desert
She lowered the knife and
it grew even brighter.



12.
Captain Tory
He swung his lantern
three times and slowly the schooner appeared.



13.
Oscar and Alphonse
She knew it was time to send them back.
The caterpillars softly wiggled in her hand,
spelling out "goodbye".



14.
The House on Maple Street
It was a perfect lift-off.



- - -
a poder ser colocado no campo das micro-histórias, como aquela Casa.
o meu coração hesita entre a 8 e a 12. ou pensando bem..




 
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